


- A Manifestação dos Evangélicos em Brasília foi notícia e tinha que ser reportada pelos veículos da imprensa: reuniu expressivo número de pessoas, trouxe ao palanque celebridades do cenário religioso da esfera política e da midiática, foi apoio ao deputado federal pastor Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, destaque no noticiário político nos últimos meses. A lista do pastor Silas Malafaia apresentada nos twittes acima expressa isto.
- A ampla cobertura da Rede Globo certamente estava garantida já que o organizador da manifestação de Brasília, pastor Silas Malafaia, é assessor da Globo para assuntos religiosos (evangélicos). A Globo deu amplo espaço ao evento (como já tinha dado à Marcha para Jesus em Brasília) no Jornal Nacional (matéria grande de 1’43 e declaração final, o que é marcadamente importante em reportagens, do pastor Silas Malafaia), no DFTV (telejornal regional), no Portal G1, na Rádio CBN e matéria de primeira página no jornal O Globo.
Não havia mesmo como se sustentar a retórica da perseguição por ausência nas mídias, mas ela teve resposta positiva enquanto durou, revelada pelos comentários recebidos por este blog. É preciso reconhecer que as mídias não-religiosas raramente davam espaço aos evangélicos nos noticiários – a não ser em situações de escândalos ou casos bizarros. No entanto, este quadro mudou atualmente, e bastante, muito em função da atenção das mídias aos evangélicos como segmento de mercado e audiência específica. O fato do pastor Silas Malafaia ter sido contratado pela Rede Globo para a assessoria, inclusive com a tarefa de captar público para a nova empreitada da Rede, a Feira Internacional Cristã para concorrer com a Expocristã, mostra como este quadro está radicalmente alterado (sobre a captação para a feira veja em http://www.verdadegospel.com/tag/feira-internacional-crista) . Há uma parte do texto “Caso Marco Feliciano: um paradigma na relação mídia-religião-política” em que este assunto é mais amplamente tratado (clique aqui para ler).
De novo, vale refletir que as lideranças evangélicas que buscam ampliar espaço no cenário da política estão encontrando fórmulas de tentar adquirir controle político sobre expressivo número de fieis das igrejas. Estes, na sua sinceridade e pureza de fé, muitas vezes não conseguem fazer uma leitura crítica desta estratégia e, por isso dão credibilidade ao discurso simbólico estrategicamente construído pelos líderes.
Neste jogo da política, cada movimento tem que ser monitorado e interpretado como estratégia. Nada é gratuito. Uma palavra do Evangelho revela-se ainda mais apropriada ao tempo presente: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mateus 10.16).