Marcha para Jesus em São Paulo 2019: politicagem e jeitinho brasileiro gospel

marcha191Mais um ano, mais uma Marcha para Jesus, mais uma vez Deus nos permitindo lá estar com frases para reflexão em nossas faixas e camisetas. Mais uma vez estávamos em poucos, mais uma vez houve o que há em todas as demais edições: muito oba oba gospel, muita micareta, muita palavra de vitória, muitos trios elétricos, muitos políticos e muito pouco que remeta à Jesus, o Cristo. E todas essas coisas já foram descritas em artigos deste blog desde 2009, quando o MEEB (Movimento pela Ética Evangélica Brasileira) surgiu.

Assim, nesse artigo trataremos basicamente de dois pontos: o uso político da Marcha e o seu esvaziamento. Comecemos por esse último ponto.

Ao passar por nós, do alto de seu trio elétrico de 24 metros de comprimento e repleto de políticos, pastores famosos, artistas gospel e empresários bons dizimistas, o Apóstolo (?) Estevam Hernandes, dono da Marcha (literalmente, pois patenteou a marca) disse que aquela seria a “maior Marcha da história”. Conseguimos gravar essa fala, que faz parte do vídeo que disponibilizamos nos próximos parágrafos deste artigo.

Os líderes neopentecostais têm uma crença de que tudo o que eles falam vira verdade, afinal são ungidos de Deus e suas palavras têm poder. Assim, quando o Apóstolo (?) Hernandes diz que aquela seria a maior Marcha da história, subentende-se que ele esteja profetizando algo, espiritualmente falando. E, como profeta, não pode falar mentiras.

Porém, talvez o Apóstolo (?) estivesse apenas querendo se engrandecer, fazer marketing da grandiosidade do seu evento, fazer crer que sua Marcha atual era maior do que todas as demais, numa atitude infantil e totalmente contrária ao que é esperado de um líder cristão. O fato é que, seja profecia, seja exibicionismo, a Marcha em São Paulo 2019 foi a com menos gente desde 2009, ano em que começamos a frequentá-la. Mas, ao mesmo tempo, temos fotos de veículos de imprensa mostrando que o local do palco, depois da Marcha, estava repleto de pessoas.

Ué, mas como assim?

O aprendiz reflete o que aprende do seu mestre, o aluno do seu professor, a ovelha do seu pastor. E o que o “povo apostólico” tem aprendido de seus líderes?

Tem aprendido a ser “cabeça” e não “cauda”. A estar “por cima” e não “por baixo”. A ser vencedor e não fracassado. Que possui direito de possuir, de determinar, de ganhar, de receber. Tem aprendido a famigerada Teologia da Prosperidade e a “ética” (ou falta de) que tal doutrina preconiza.

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Então sejamos práticos: para que se vai numa Marcha para Jesus? Para “louvar” com os artistas gospel, para ouvir os “homens de Deus”, para “orar pelos políticos” indicados pela liderança gospel. E onde tudo isso acontece? No palco da Marcha, é claro!

Então, se o objetivo é curtir as 10 horas de shows que acontecem no palco, por que perder tempo “marchando” pela longa Avenida Tiradentes? Se o objetivo é ficar o mais próximo possível dos “ídolos”, por que não ir direto para o local dos shows, garantindo um lugar mais próximo do palco, onde a unção deve correr mais solta?

Eis o Jeitinho Brasileiro Gospel! Beneficiar-se de toda a diversão que o evento Marcha para Jesus pode proporcionar, mas sem se cansar numa longa caminhada (mesmo que, em tese, seja essa caminhada o ponto mais importante do evento, tanto que lhe dá nome)!

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Enquanto estávamos parados, vendo todos os trios elétricos passarem por nós cercados por muito poucas pessoas, até acreditamos que muita gente tinha desistido de participar da Marcha por “N” motivos. Mas, quando em casa pudemos ver os flashes dos shows e o local lotado de pessoas, aí nos caiu a ficha: as pessoas não estão desistindo de ir à Marcha para Jesus, apenas estão desistindo de marchar.

Antes, a Marcha para Jesus se justificava como uma espécie de procissão, onde os líderes e fiéis andavam pela cidade orando e cantando para Deus, decretando bênçãos e quebrando maldições hereditárias segundo a doutrina neopentecostal. Agora, nem essa justificativa existe mais. Em breve, os organizadores poderão economizar com trios elétricos, pois pelo que foi visto nesse ano, talvez não haja quem os siga no ano que vem.

Se a Marcha no sentido literal foi um fracasso de público, os shows da Marcha bombaram. Teve gente que chegou às 7 da manhã para garantir lugar na grade em frente ao palco. Os artistas gospel, políticos e líderes evangélicos fizeram suas apresentações, o povo delirou, aplaudiu, gritou “mito”, adorou (nos dois sentidos). Talvez seja hora de mudar o nome de Marcha para Jesus para Show do Messias, muito mais adequado.

E falando em Messias, como sempre a politicagem correu solta no evento. O governador de São Paulo João Dória, o prefeito Bruno Covas e até o presidente Jair Bolsonaro estiveram presentes, além de vereadores, deputados, senadores em busca de orações, ou seja, de votos. A imagem mais marcante foi o gesto de Bolsonaro simulando estar com uma arma:

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Analisando a foto, vemos que o presidente simula carregar um fuzil ou coisa do tipo. E  direciona a arma para baixo, como se seu inimigo estivesse embaixo, talvez deitado ou caído, possivelmente já rendido. Se a arma estivesse na altura do peito, seu inimigo aparentaria estar em pé. Mas não foi o que aconteceu, o presidente simulou uma execução covarde, desnecessária, pois se o inimigo já está rendido, basta prendê-lo e levá-lo às autoridades.

Mas até aí, nada diferente do discurso político que o elegeu, um discurso de vingança. Como político, Bolsonaro estava lá fazendo o seu papel, como o Dória e os demais também fizeram o seu: aparecer como simpatizantes da religião, para que a multidão lhes dê crédito e continue votando neles nas próximas eleições. O grande problema foi a reação dos pastores.

Pela foto, vemos os pastores rindo, achando graça, se divertindo com a execução virtual efetuada pelo presidente. Eles riem e bajulam o presidente e demais políticos porque dependem deles para a obtenção de benefícios para si e suas denominações. Esses pastores são (im)pastores, que pregam aos fiéis fidelidade total a Deus, mas eles mesmos não creem nisso e colocam sua fidelidade nos políticos do momento, quais sejam: FHC, Lula, Dilma, Bolsonaro e, caso esse também caia, qualquer um que for levantado em seu lugar.

Esses (im)pastores são urubus e hienas, sem ética, sem moral, sem amor a Deus, sem amor aos outros, sem tremor e temor do Senhor. E o triste é que estão formando seguidores com o mesmo péssimo caráter cristão. O Jeitinho Brasileiro Gospel é mais uma prova disso.

Ainda analisando a foto, vemos que todos no palco usam uma camiseta com o slogan da Marcha, igualando-se aos demais participantes. Que lindo, a igualdade nos trajes simbolizando a igualdade na Igreja! Só que não…

Olhe mais atentamente e veja que as pólos do presidente e do Apóstolo (?) apresentam o singular símbolo da marca Lacoste, cuja pólo branca basiquinha custa R$ 329,00:

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Ou alguém acha que líder bem sucedido se mistura com pobre povo dizimista fiel? Não fazer acepção de pessoas é coisa de nazareno ultrapassado! Rico que é gospel não usa essas camisetinhas de poliéster com algodão que eles vendem pros pobres, pois lhes dá alergia (tanto a camiseta quanto os pobres, diga-se de passagem).

Tudo o mais (imagens gigantes dos líderes nos trios elétricos, uso de dinheiro público na Marcha, demonstração de poderio espiritual e político sobre a multidão, contratação de artistas gospel para atrair os fiéis, etc) são apenas o reflexo de um evento que nada tem de espiritual e que apenas serve para a vaidade dos seus organizadores (além de lhes render muitos lucros!).

O mais patético de tudo é que as lideranças no alto dos trios ficam de costas para nós para não correrem o risco de ler as faixas. Quanto medo de seis pessoas e das frases de juízo que portamos! Pensando bem, eles têm mesmo motivos para temer…

Glorificamos a Deus por, mais uma vez, nos permitir lá estar. Que Ele abra os olhos espirituais de muitos que lá estiveram e puderam ler as faixas e pegar os folhetos, e traga consciência a muitos de que o verdadeiro Cristianismo está além de tudo isso, afinal não conquistamos o título de Protestantes ao longo da história para estarmos do lado daqueles que praticam a iniquidade, como disse Jesus e Seus Apóstolos. Que Ele abra os olhos dos líderes e políticos, e que todos possamos nos arrepender dos nossos maus caminhos e não marchar, mas caminhar em direção ao Pai.

Que Deus tenha misericórdia de nós.

Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!

A DEUS toda a honra e toda a glória para sempre.

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MEEB: 10 anos conscientizando a igreja evangélica brasileira

Evangelho puro e simples anunciado em São PauloGrandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres. – Salmos 126:3

Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. – 2 Timóteo 4:5

Parece que foi ontem, mas dez anos se passaram. Uma conversa na sala da minha casa, vinda da indignação com a realidade de muitas igrejas evangélicas, e veio uma ideia à nossa mente: precisamos fazer alguma coisa para mudar essa realidade.

Éramos somos eu e minha esposa. E a pergunta foi: como duas pessoas podem enfrentar as contínuas horas dos telepastores e dos pregadores nas milhares de rádios, vindos de milhares de igrejas espalhadas por esse país? A resposta era: é impossível.

Porém, diz a Bíblia que o que é impossível para os homens é possível para Deus (Lucas 18:27).

Assim nasceu, através da fé de que Deus faz das coisas loucas algo para confundir as sábias, e que faz das coisas pequenas algo para sobrepor até mesmo as grandes potenciais, o MEEB (Movimento pela Ética Evangélica Brasileira) no ano de 2009.

Não sabíamos como fazer, porém tínhamos em nossos corações que a realidade da igreja evangélica brasileira não estava em conformidade com as Sagradas Escrituras. Que o grande comércio, que as contínuas barganhas e a sede desenfreada de muitos líderes e pastores não estavam enquadrados nos ensinamentos de Jesus nem nas doutrinas dos apóstolos de Cristo. Que líderes como Macedo, Malafaia, Santiago, Terra Nova e outros criaram suas próprias teologias, teologias essas muito distantes das essências do verdadeiro Cristianismo.

Nosso primeiro passo foi criar dois blogs, com o intuito de divulgar os pensamentos e conscientizar o povo evangélico sobre a realidade e apontar formas de mudança. Porém, nesse intervalo o Brasil foi abalado com a vinda de Morris Cerullo a convite de Silas Malafaia, com uma ideia de que os fiéis poderiam adquirir por 900 reais uma chamada “unção financeira”, ou seja, compre essa unção e acabe com os seus problemas financeiros, essa era a promessa. Então, subitamente, minha esposa cria uma camiseta e parte para um evento (Expo Cristã) no intuito de chamar a atenção dos evangélicos para essa vergonha.

SAM_0651Essa simples camiseta, despertando a muitos sobre o fato, nos mostrou que Deus queria que fôssemos ao povo evangélico brasileiro. Então, nasce em meu coração a frase que iria guiar todas as ações do MEEB. Até então não tínhamos noção do que estávamos criando, pois até então tudo se resumia a mim, minha esposa e o Espírito Santo na sala do nosso apartamento. A frase era:

Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!

Na mesma semana em que estávamos envolvidos em tudo isso, o Brasil recebia a notícia de que o auto-intitulado Apóstolo Estevam Hernandes, após cumprir prisão dos Estados Unidos, estava retornando ao Brasil e sua apoteose seria em uma Marcha para Jesus em São Paulo. Nossos corações arderam. Primeiramente, em indignação e depois veio a nós que esse era o lugar em que deveríamos estar.

Então, confeccionamos uma simples faixa de papel com a frase “slogan” do movimento, fizemos uma camiseta com a mesma frase e um versículo nas costas, referindo que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, para que todos soubessem que nós desaprovávamos a apoteose dos Hernandes.

Publicamos em nossos blogs que estaríamos no evento praticando esse ato.

Partimos para o evento, imaginando que eu e ela estaríamos diante da multidão. Mas fomos surpreendidos pela ação do Espírito Santo, pois mais seis pessoas atenderam ao toque do Espírito Santo e foram na batalha conosco.

Um pouco do que aconteceu está no vídeo abaixo.

Esse vídeo se espalhou por todo o canto. Em questão de meses, o vídeo fora visto em todos os cantos do país. Passamos a receber ligações de todo o Brasil e até do exterior. Alguns queriam apoiar, outros querendo ofertar, alguns querendo participar e o que dizíamos era: faça o mesmo onde você estiver.

O que me surpreendia era muita gente querendo saber quanto custava para participar e quanto custava a camiseta. E quando respondíamos que a arte da camiseta estava disponível nos blogs, muitos se admiravam. Algumas pessoas perguntavam se podiam fazer a camiseta e vender.

Em pouco tempo, começamos a ser procurados por revistas, periódicos, jornais evangélicos de todo o Brasil. Nossa primeira entrevista em uma revista da Igreja Anglicana tinha por título O Blog que vai virar Igreja. E eu sempre dizia: não sei o que vai se tornar, eu só sei o que Deus nos dizia: cumpre o seu ministério.

Não demorou, e em outros eventos em que fomos participar fomos surpreendidos pelos seguranças do dono da Marcha para Jesus, e fomos agredidos e tivemos nossas faixas retiradas. O sr. Hernandes, quando perguntado por um jornal sobre a nossa presença, disse que éramos “insignificantes”. Essa palavra é o grande referencial do nosso movimento.

Realmente éramos e somos até hoje insignificantes.

Porém, o que Deus nos inspirou na sala de nossa casa em pouco tempo começou a se repetir em todos os cantos do país. Começamos a receber fotos, vídeos e relatos de pessoas reproduzindo a frase, confeccionando camisetas, faixas, e indo diante de igrejas e eventos, e chamando a igreja à consciência de que a igreja deveria voltar ao Evangelho puro e simples de Jesus e que o $how do comércio, das barganhas e heresias deveria parar. Ao ponto de que todo esse movimento chegou à grande mídia e fomos convidados a participar de uma matéria na Revista Época, onde relatava a realidade dos Novos Evangélicos.

Nós até então estávamos atônitos com tudo, porque nunca gastamos um único centavo com mídia, com nada, apenas nos deixando conduzir pelo interesse das pessoas em saber o que era o Evangelho puro e simples e porque o $how tem que parar. Participamos de documentário, mas uma coisa sempre nos chamou a atenção: nunca recebemos apoio nenhum de nenhuma igreja, ministério ou pregador ou grande líder. Se fôssemos enumerar as pessoas que nos apoiaram nesse período, contaríamos nos dedos. As únicas pessoas que caminharam conosco e nos propiciaram alguma forma e condições de podermos divulgar nosso trabalho foi o casal Luciana Mazza e Marcelo Rebello, organizadores do antigo Salão Internacional Gospel, evento esse no qual sempre tivemos total liberdade para agir em prol de uma consciência verdadeiramente cristã.

precisamosdeumaigrejaMesmo assim, tive oportunidade de pregar em inúmeras igrejas, em vários cantos.

Com tudo isso, descobrimos algo. A mensagem é para poucos, pois o Evangelho puro e simples de Jesus é totalmente contrário à Teologia da Prosperidade, à Teologia da Barganha e à Teologia do Poder Político dos telepastores brasileiros.

Não demorou e começaram a aparecer ameaças de processos judiciais, xingamentos em programas de TV. Éramos citados como os blogueiros filhos do diabo, blogueiros invejosos, porém a cada dia sabíamos e recebíamos relatos de que muitos estavam tendo seus olhos abertos pelo Espírito Santo de Deus. E as verdades do Evangelho de Cristo estavam prevalecendo em muitas vidas.

Começamos a ver igrejas e ministérios mudando de rumo e começando a praticar o Evangelho puro e simples de Jesus.

Em tudo isso, descobrimos que a igreja evangélica brasileira está mais voltada para as emoções do que para a razão. Que a igreja evangélica, em muitos ministérios, está focada unicamente nos números, nas quantidades e na arrecadação. Que muitos ministérios estão distantes da consciência e da espiritualidade verdadeiramente cristãs.

Descobrimos, dia após dia, evento após evento, que muitas igrejas e suas lideranças e membros não sabem dialogar, não sabem fazer uma autocrítica e não suportam ser contrariados. Nós, em simples frases em faixas, camisetas e folhetos, sentimos na pele o quão difícil é levar a igreja brasileira à reflexão, à consciência e ao arrependimento. Que os telepastores, os donos de igrejas são crianças mimadas que não suportam e que se revoltam quando têm suas vontades contrariadas. Homens que, com certeza, seriam confrontados pelos verdadeiros apóstolos Paulo, Pedro e João por suas vaidades, por sua ganância e pelo seu desejo desenfreado de viver segundo os valores deste mundo, buscando os tesouros desta terra.

Assistimos pastores demonstrando poder com a aquisição de bens, roupas, imóveis, relógios, carros, numa demonstração grotesca de que o que importa é conquistar este mundo. Enquanto a Bíblia diz que não devemos ajuntar tesouros nessa terra, mas sim tesouros nos céus, os grandes templos, as catedrais, os aviões, os passaportes diplomáticos trocados com alianças políticas e partidárias são divulgados amplamente por toda a mídia, denotando claramente que o importante é prosperar, ganhar, vencer, conquistar, tomar posse, tudo em nome de Deus, fazendo com que as palavras bíblicas como arrependimento, humildade, mansidão, compaixão, perdão, amor ao próximo, piedade, misericórdia se tornem sem nexo.

Começamos a ver que a igreja evangélica brasileira está totalmente cega para as verdades do Evangelho, e que muitas lideranças fazem isso conscientemente, pois buscam o poder. A prova disso são as alianças e as barganhas políticas.

Temos a impressão de que Deus, Jesus, a Bíblia são meros produtos para a arrecadação e enriquecimento dessas lideranças. A prova de tudo isso é que mesmo a igreja evangélica atingindo índices jamais vistos na história do Brasil, seu crescimento em nada impacta o nosso país no sentido de mudança social, cultural, humana e, acima de tudo, de uma espiritualidade bíblica.

3Apesar de termos um grande número de evangélicos, ainda somos um país violento, corrupto, miserável, com os piores índices de educação, com uma igreja mal formada, mal educada, com pastores despreparados, com crentes que não conhecem a Bíblia.

Tudo isso porque a igreja não consegue refletir a luz de Cristo ao país, pois falta-lhe uma consciência ético-cristã.

A igreja brasileira, na sua imaturidade, ainda tenta ensinar a Deus a ser Deus, e muitos líderes acreditam ajudar a Deus a fazer a Sua obra, pois se defendem mais as doutrinas do que as Escrituras. Assim temos uma fé puramente denominacional.

Muitos pastores não conseguem viver a sua fé sem a sua denominação. É como se Deus se sujeitasse às vontades da sua denominação. Não há liberdade para muitos se não estiver debaixo da denominação.

Temos uma igreja que não sabe servir, uma igreja que só sabe ser empresa e reagir ao mercado.

Temos pastores não convertidos, liderando igrejas através de técnicas gerenciais, onde a espiritualidade se resume a números. Pastores reféns de estruturas puramente empresariais. Com isso, temos muitas igrejas que sequer sabem o que é fé.

Muitos jamais viveram uma espiritualidade verdadeira, pois tudo gira em torno do emocional, do empresarial, do místico. A igreja não sabe viver o Cristianismo sem emoções e sem o denominacionalismo.

Em muitos lugares, não há liberdade.

Quando o MEEB diz que a igreja precisa voltar ao Evangelho puro e simples de Jesus e que o $how tem que parar, estamos querendo dizer que a igreja precisa voltar a ser um local de libertação, de crescimento e acima de tudo, o local onde a Verdade que é Cristo esteja no coração das pessoas. E assim poderemos dizer que a prática do amor verdadeiro é o verdadeiro sentido da igreja.

Que não sejamos conhecidos pelo tamanho das nossas catedrais ou pela riqueza dos nossos líderes ou pela aliança com políticos e partidos, mas que sejamos conhecidos por nossa ética, como promotores da justiça, da paz, e acima de tudo pelo nosso amor uns para com os outros.

Nesses dez anos descobrimos que o nosso trabalho foi levantado por Deus para conscientizar a igreja brasileira de que precisamos voltar a Cristo, pois não há um nome sequer no mundo pelo qual possamos nos salvar, senão a Cristo.

Sabemos que estamos na contramão, pois assim estiveram os apóstolos, os pais da igreja, assim estiveram os mártires, assim estiveram todos aqueles que ousaram viver as verdades do Evangelho.

Até onde iremos? Iremos até onde o Evangelho nos conduzir.

Sabemos que as Escrituras nos revelam que há muito por vir ainda, mas cremos que assim como Deus levantou os seus profetas, os seus apóstolos, Deus sempre levantará os seus, mesmo que sejam as pedras. Mas a Sua Palavra e as Suas Essências serão levadas adiante.

Nesses dez anos, não foi a violência, não foram as ameaças, não foram as caras feias, não foram os dedos apontados que nos desanimaram, pois estamos convictos de que o Senhor é conosco. Só estamos exercendo o ministério que Deus confiou a nós.

Agradecemos a todos os irmãos e irmãs de todos os cantos que estiveram conosco pessoalmente, por palavras nas redes sociais, muitos que nós nunca conhecemos mas que sempre estiveram conosco ajudando, intercedendo. Nesses dez anos, vimos com os nossos olhos que o nosso Redentor vive e reina, e por isso continuaremos levando essa mensagem.

A DEUS toda a honra e toda a glória. Que Ele sempre cresça, e que nós sempre venhamos a diminuir.

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10 anos proclamando que o $how tem que parar: os ensinos nas igrejas evangélicas entre 2009 e 2019

Há dez anos, usamos a camiseta acima no que seria o primeiro protesto pacífico do MEEB (Movimento pela Ética Evangélica Brasileira). Isso porque o (im)Pastor Silas Malafaia lançou um anúncio enigmático: no programa do sábado seguinte levaria o “profeta de deus” Morris Cerullo, que por sua vez daria uma palavra poderosa.

E assim foi. Ligados na telinha, ouvimos cerca de 40 minutos de pregação e profecia misturada com numerologia de quintal (coisas tipo 2009 termina com 9, que é o número da prosperidade). Havia várias admoestações para que se confiasse cegamente no “profeta”, afinal desconfiar seria “pecado de rebeldia”, Para os que obedecessem totalmente ao “profeta” estaria reservada a “unção financeira dos últimos dias”, o derramar das riquezas dos ímpios em favor dos fiéis, afinal uma grande crise se avizinhava e “deus” queria prosperar o seu povo (contanto que se fizesse o que o “profeta” lhe ordenava).

Após uns 30 minutos de “lavagem cerebral gospel”, finalmente a facada: para receber a tal “unção financeira”, o fiel precisaria desembolsar 900 reais e depositar a quantia nas contas da Associação Vitória em Cristo de Silas Malafaia. Como brinde, o fiel receberia inteiramente “grátis” a Bíblia de Batalha Espiritual e Vitória Financeira, de autoria de Morris Cerullo.

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Ensino da Bíblia de Batalha Espiritual e Vitória Financeira, bíblia símbolo da Teologia da Prosperidade

Abaixo, 5 minutinhos da tal pregação para se ter uma ideia do tamanho do engano:

Enfim, após assistirmos ao tal programa (que foi reprisado várias vezes para tentar abarcar o maior número possível de incautos) ficamos na tal ira santa. Afinal, havíamos acabado de assistir a seres inescrupulosos usando do Santo Nome do Senhor para arrecadar dinheiro. E sabíamos que 2 meses depois aconteceria a Expo Cristã, uma feira de negócios gospel. Então decidimos ir, mas vestindo uma camiseta que externasse nossa indignação. Era a tal camiseta do início deste artigo. E mais uns meses, e houve nossa primeira participação, com faixas e camisetas, na Marcha para Jesus em São Paulo.

Virou pecado ser protestante

Essa breve introdução foi necessária para situarmos o clima “gospel” em 2009. Nessa época já havia alguns que se autointitulavam “Apóstolos”, como o próprio dono da Marcha, o Apóstolo (?) Estevam Hernandes da Igreja Apostólica Renascer em Cristo; Edir Macedo já tinha grande fortuna e já havia divisões em sua denominação (como as que levaram à fundação das igrejas do R. R. Soares e do Valdemiro Santiago); o Apóstolo (?) Agenor Duque tinha recém criado sua igreja Plenitude do Trono de Deus, e seguia pelo mesmo caminho; o movimento G12, embora mais fraco, ainda existia e tinha suas imitações, como o MIR12 do Apóstolo (como essa modinha se prolifera!) Renê Terra Nova e o MDA; igrejas pentecostais como algumas Assembleias de Deus buscam se modernizar para arregimentar novos membros; os shows gospel passam a ser uma alternativa para atrair os jovens através de uma forma de entretenimento “saudável”; muitas igrejas download (1)passam a entender que crescimento numérico e aumento na arrecadação são sinônimos de salvação de vidas – a transformação do caráter passa a não ter tanta importância, conquanto que o fiel esteja assiduamente nos cultos e seja generoso nos dízimos e ofertas; para facilitar a aquisição de benesses, as grandes igrejas passam a indicar políticos a seus fiéis, além de buscar adquirir canais de TV e rádio, ou pelo menos manter uma programação diária ou semanal nessas mídias.

A “unção financeira dos últimos dias” de Malafaia e Cerullo foi apenas o pavio que levou o MEEB a realizar manifestações pacíficas em vários eventos gospel Brasil afora, porém aberrações iguais ou até piores continuaram a ocorrer nos meios evangélicos. Cerullo voltou ao programa do Malafaia outras tantas vezes, intercalando com o Dr. Mike Murdock. Ambos, Murdock e Cerullo apresentavam sempre a mesma fórmula: uma unção especial, que seria dada a quem desembolsasse a quantia exigida pelo grupo, do qual Malafaia fazia parte e era o principal beneficiário (já que as doações iam, pelo menos em tese, para o bolso de suas instituições). Malafaia terminou seu “Projac gospel”, comprou jatinho, ampliou editora, tomou para si a igreja do falecido sogro e construiu dezenas de templos-filiais por todo o Brasil. E figurou na Revista Forbes como um dos pastores mais ricos do Brasil (depois entrou em litígio com a revista, pois a riqueza não está em seu nome, mas no nome das instituições das quais é o eterno e único presidente).

De 2009 para cá, vimos o Evangelho ser aviltado de todas as formas. Ele foi vendido, desfigurado, desmentido, envergonhado. Vimos (im)pastores vendendo arcas da aliança, óleos com propriedades mágicas, água ungida, lenço ungido, seguro de vida gospel, consórcio gospel, cartão de crédito da denominação, viagens a Israel com pastor famoso, cruzeiro gospel, unção da riqueza, unção de nobreza, títulos eclesiásticos, até a salvação (sim, certa vez Mike Murdock vendeu a salvação da família do fiel se ele desse R$ 1.000,00 para o programa do Malafaia).

O Evangelho também se espetacularizou ainda mais nesses últimos 10 anos. Os (im)pastores descobriram 2 formas bastante eficientes de simular milagres: o uso de truques baratos de mágica e a hipnose. Com o primeiro método simulam a retirada de caroços, agulhas, gosmas e coisas do tipo que estariam no corpo do fiel e seriam obra de magia negra. Com o segundo método, simulam possessões demoníacas, levam o fiel a se esquecer de fatos negativos da sua vida, o fazem girar, cair, rir, chorar. E a plateia, ao ver tudo isso, encantados com o poder do (im)pastor, não titubeiam quando chamados a colocar o dinheiro na sacolinha (os mais modernos usam maquininhas de cartão).

E o Evangelho se irmanou com o Mundo. Nesses dez anos, recrudesceram os laços entre as igrejas e os governos. Ao invés de defender os pobres e os necessitados, as igrejas em boa parte agora defendem a si mesmas, às suas isenções tributárias, aos seus desejos de ter uma concessão de rádio ou TV, às suas necessidades de desburocratizar a construção de grandes templos em locais que, pelas leis então vigentes, não poderiam acontecer.

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Nesses dez anos, os grandes líderes evangélicos saíram da obscuridade de seus templos para os holofotes das colunas sociais, das festas da alta sociedade, das homenagens através de seus nomes em placas de rua, das fotos como papagaios de pirata dos políticos mais influentes (mas que precisam dos votos dos fiéis para se manterem no poder). A simplicidade deu lugar aos caríssimos relógios importados e carrões do ano.

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Mas tanta iniquidade não passou despercebida.

Nesses 10 anos, pessoas anônimas se levantaram por todo o Brasil estendendo faixas e portando camisetas que buscavam levar à reflexão sobre as essências do Evangelho. O resgate da Verdade gritava através das faixas, das frases e versículos nelas escritas. Olhos foram abertos, outros mais se fecharam com mais força para não ter que abrir mão daquilo que o Mundo lhes oferecia com tanto prazer.

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Morris Cerullo e Mick Murdock deixaram de vir ao Brasil a pedido de Malafaia, pois a coisa chegou num ponto em que ninguém mais lhes dava crédito. Mas agora a onda é o Apóstolo (?) Agenor Duque trazer o (im)Pastor Benny Hinn para derrubar os fiéis na base da hipnose coletiva.

Ainda há muito a fazer. Nós só seguramos as faixas, o Senhor é quem faz o trabalho.

Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!

A DEUS toda a honra e toda a glória para sempre.

Em tempo: no dia 20 de Junho (feriado católico de Corpus Christi apropriado indevidamente pelos evangélicos) haverá a Marcha para Jesus em São Paulo. Pelo décimo ano seguido estaremos lá, permitindo Deus, portando nossas faixas com versículos bíblicos e exortações. Se você sentir de estar lá conosco nessa inglória tarefa, estaremos a partir das 9 horas no Posto BR na saída do metrô Armênia.

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10 anos proclamando que o $how tem que parar: o que mudou na relação mundo-igreja evangélica entre 2009 e 2019

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Essa foi a primeira faixa estendida numa Marcha para Jesus pelo MEEB – Movimento pela Ética Evangélica Brasileira. Isso ocorreu em 2009, há 10 anos. Naquela época, clamávamos pela volta da Igreja ao ensino do Evangelho puro e simples de Jesus, pois estávamos imersos em ensinos heréticos (especialmente ligados à Teologia da Prosperidade) e nos conluios com políticos com o fim de conseguir benefícios para os líderes e suas instituições religiosas.

Não, não estou descrevendo resumidamente 2019. Estou descrevendo o contexto de 2009 mesmo. Veja:

Em 2009 vivíamos o penúltimo ano do segundo mandato do Presidente Lula. Como não poderia se reeleger, o político já indicava sua sucessora, a então Ministra Dilma Rousseff. Mas antes de continuar, voltemos um pouquinho mais no tempo.

Em 2002, Luis Inácio Lula da Silva finalmente conquistou a Presidência do Brasil. Desde a abertura política, o político tentava se eleger sem sucesso, também pela pecha de “baderneiro”, “comunista” e outras expressões do tipo que seus adversários lhe impunham. Perdeu as eleições para o Collor e posteriormente para o Fernando Henrique Cardoso. Os líderes evangélicos o definiam como “filho do diabo” e, pelo medo, levaram seus fiéis a não votarem nele nessas ocasiões.

Porém, em 2002 a situação mudou. Lula filho do diabo passou a ser o Lulinha paz e amor. Talvez por inspiração divina, talvez por ver que dessa vez ele tinha reais chances de vitória (eu particularmente aposto mais nessa hipótese), as grandes lideranças evangélicas deixaram de acreditar no viés baderneiro e comunista do candidato e lhe deram aberto apoio. E suas ovelhas, agora, já não tinham medo do barbudo e depositaram seu voto no indicado pelos representantes de “deus” na terra.

Para melhor exemplificar, eis um trecho de matéria veiculada no portal Uol Notícias (https://noticias.uol.com.br/inter/reuters/2002/10/17/ult27u27501.jhtm):

[…] Em um concorrido evento numa churrascaria na zona norte do Rio de Janeiro, que reuniu cerca de 900 pessoas, Lula obteve o apoio de representantes de várias igrejas, incluindo a Metodista, Batista, Sara Nossa Terra, Igreja Universal e pastores da Assembléia de Deus, que não seguiram a decisão das duas principais convenções da igreja de apoiar Serra. Ao discursar para a platéia de evangélicos, Lula recorreu a imagens bíblicas para rechaçar a campanha do adversário, que insiste na tese do medo para desconstruir sua candidatura às vésperas do segundo turno das eleições.

‘A gente não tem que ter medo, a gente tem que votar com consciência, porque se a gente permitir que prevaleça a teoria do medo, a gente vai voltar milhares de anos atrás, quando Herodes, por medo do novo, queria matar todas as crianças à procura de Jesus Cristo,’ disse Lula.

[…] O pastor Silas Malafaia, presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos, que congrega mais de 10 mil pastores, também refutou a teoria do medo.

Lula disse estar convicto de que vencerá as eleições “sem atacar o adversário” nem falar mal do governo. E notou que pretende contar com a ajuda dos evangélicos para atacar os problemas sociais do país.

Então, em 2002 os líderes evangélicos deixaram de enxergar o demônio no PT, e isso perdurou durante os dois mandatos de Lula e também durante o governo Dilma. A exceção fica com Silas Malafaia, que não apoiou Dilma, preferindo apoiar o adversário Serra. Mas durante 8 anos também esse pastor viu em Lula a “paz e o amor” divinos.

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Agora pulemos novamente para 2009. Lula está com o “ibope” em alta e querendo fazer sua sucessora. E os líderes evangélicos querem se manter próximos ao poder e vêem que, pela popularidade de Lula, são grandes as chances de Dilma se eleger. Juntando a fome de poder de Lula com a vontade de comer os manjares da terra dos líderes evangélicos, obviamente que “deus” continuou aconselhando seus representantes a indicar o voto das ovelhas em Dilma Rousseff.

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Assim, vemos em 2009 toda a Cambada Evangélica (ops, ato falho!?) seguindo as instruções divinas e apoiando Dilma. Para “fortalecer” essa aliança, o ainda Presidente Lula instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus, atendendo a um anseio das lideranças gospel, especialmente do casal Estevam e Sônia Hernandes, donos da Igreja Renascer em Cristo. Coincidentemente, meses antes o casal aportou no Brasil após quase 3 anos de reclusão (prisão mesmo) nos Estados Unidos por tentarem entrar com dólares não declarados, escondidos até numa Bíblia (alguma unção financeira nova?).

Se fôssemos um país sério, com evangélicos sérios, com conversões sérias, tal casal voltaria para o Brasil envergonhado, entristecido, contristado, arrependido de suas más ações, e ficariam, no mínimo, “em disciplina” em sua denominação para evitar mais escândalo. Mas como somos o Brasil, eles voltaram com toda a pompa e circunstância, esnobando a tudo e a todos, fazendo conchavos políticos com os petistas e anunciando que em novembro daquele ano São Paulo teria a “maior Marcha para Jesus de toda a sua história” (a propósito, tal Marcha é marca registrada desse casal).

E Lula, querendo o voto dos frequentadores da Renascer e dos demais marchantes de outras igrejas, fez o agrado ao casal e decretou a data tão importante (fonte: Estadão – https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,lula-institui-dia-da-marcha-para-jesus,429197).

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta quinta-feira, 3, o projeto de lei que institui o Dia Nacional da Marcha para Jesus. Participaram da cerimônia, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o presidente da Câmara, Michel Temer, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, estavam presentes no evento.

[…] A solenidade contou com a participação de representantes de várias igrejas evangélicas, inclusive dos bispos Estevam e Sônia Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo. O casal voltou ao Brasil no começo de agosto, depois de um período de dois anos e seis meses de prisão e liberdade condicional nos Estados Unidos. Eles foram condenados após tentar entrar no país com US$ 56 mil não declarados.

[…] Antes do início da cerimônia, Estevam Hernandes fez questão de puxar uma oração pela saúde da ministra Dilma, que deu entrevista nesta quinta-feira dizendo que está curada do câncer linfático. Dilma é a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2010.”

 

Pela alegria das fotos, parece que os líderes evangélicos estão juntos com enviados do diabo?

Mas enfim, em novembro de 2009 ocorreu a tão esperada Marcha para Jesus, os líderes evangélicos e os políticos puderam desfilar no alto dos carros-alegóricos, foi dito que “o Brasil será do Senhor Jesus blablablá”, o povo acreditou neles e votou na candidata indicada, Dilma Rousseff levou as eleições e os líderes evangélicos continuaram apoiando-a enquanto lhes foi conveniente.

A conveniência acabou logo após Dilma conquistar seu segundo mandato e entrar em guerra com o antigo aliado Eduardo Cunha, Presidente evangélico e corrupto da Câmara dos Deputados que, por seu cargo, pode instaurar uma série de pautas-bomba que aceleraram a queda da Presidente. Os líderes evangélicos então pularam para o barco do então Vice Michel Temer, através da Cambada Evangélica ajudaram no Impeachment de Rousseff e apoiaram o novo Presidente Temer até o final do mandato de forma menos ostensiva, pois já estavam articulando para apoiar a nova indicação do “deus” deles, o então candidato Jair Messias (seria um sinal?) Bolsonaro.

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E chegamos em 2018/2019, quando vemos uma reprise de 2009 só que com outros personagens, ou seja:

As lideranças evangélicas recebem “direção de deus” para apoiar Jair Bolsonaro para a Presidência, seus adversários se tornam filhos do diabo (especialmente o adversário do 2o. turno, Fernando Haddad), o antigo aliado Lula volta a virar filho do diabo (pois está preso e não pode mais trazer benefícios), o rebanho gospel acredita em tudo (pois não tem a menor lembrança do que comeu no café da manhã, quiçá dos fatos que aconteceram 10 anos atrás), o Presidente Bolsonaro toma atitudes polêmicas mas é tolerado cegamente (afinal, confirmou presença no carro-alegórico da Marcha para Jesus, a versão 2019 do ato de Lula de decretar o Dia da Marcha para Jesus em 2009), os conchavos e conluios entre os governos e as igrejas evangélicas se mantém (por exemplo, a promessa de não tributação das igrejas e aumento das isenções que já existem), afinal continua a máxima de que a fome de poder de Bolsonaro e a vontade de comer os manjares da terra dos evangélicos é o elo que os une.

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Pois é, a história é a mesma, só mudam os personagens. E o Santo Deus não tem nada a ver com nada disso, nem em 2009, nem em 2019. Deus é Santo, Santo, Santo e não se une à patifaria política.

ADENDO EM 20/05: Ontem o Presidente Bolsonaro postou um vídeo de um “profeta” chamado Steve Kunda, onde ele declara que Bolsonaro é o “Ciro enviado por deus” para melhorar o Brasil. Nesse vídeo, o “profeta” diz que todos devemos apoiar incondicionalmente o presidente, pois essa seria a vontade de deus. Porém, o tal “profeta” se autointitula APÓSTOLO e é chegado na Teologia da Prosperidade, coincidentemente se assemelhando em perfil doutrinário à maior e mais expressa parcela de líderes evangélicos brasileiros que citamos nesse artigo.

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Postagem do Apóstolo (?) em sua conta no Facebook de ato patético (digo, profético) da IEQ, onde ungiram óleo em frente à Casa da Moeda do Brasil para que os fiéis possam receber riquezas.

Neste artigo enfocamos que a espúria relação entre política e religião (em especial os evangélicos) se repete circularmente e os políticos são os únicos que mudam, já que os religiosos são mais ardilosos e sabem a hora de pular do barco, contando sempre com a obediência cega dos seus fiéis e com a consequente falta de memória histórica e de senso crítico. Ou seja, os religiosos são milhares de vezes piores do que qualquer grupo político, pois manipulam pessoas usando do Sagrado. Falamos isso com muita dor no coração, mas é a verdade. No próximo artigo enfocaremos a Teologia da Prosperidade e outras heresias.

Nesses 10 anos, estivemos empunhando faixas com frases de exortação e versículos bíblicos em diversas Marchas para Jesus em várias cidades, além de outros eventos gospel como feiras, festivais, shows. Muitos desses líderes leram as faixas, mesmo fingindo não nos ver, e mal sabem eles que, ao ler a Verdade, seja na forma de faixas, de versículos, de palavras, de pregações, de vídeos, eles tomaram conhecimento da Verdade e isso lhes traz peso de juízo. Que Deus lhes abra os olhos e eles se arrependam enquanto é tempo.

No dia 20 de Junho (feriado católico de Corpus Christi apropriado indevidamente pelos evangélicos) haverá a Marcha para Jesus em São Paulo. Pelo décimo ano seguido estaremos lá, permitindo Deus, portando nossas faixas com versículos bíblicos e exortações. Se você sentir de estar lá conosco nessa inglória tarefa, estaremos a partir das 9 horas no Posto BR na saída do metrô Armênia.

Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!

A DEUS toda a honra e toda a glória para sempre.

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O Evangelho segundo a minha igreja

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“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.” – Romanos 8:26

Para chegar a este artigo, estou há meses assistindo dia a dia a realidade da igreja evangélica brasileira. E o cenário é bastante triste.

A ideia de escrever este artigo nasceu nessa semana, após ver notícias em algumas mídias de que a Bancada Evangélica no Congresso e Senado estava quebrando seu pacto com o atual governo.

O que anteriormente foi visto foi um apoio imenso e, para mim, até assustador, em decorrência de alguns pontos defendidos pelo então candidato, que de certa forma são bastante contrários ao Evangelho.

A matéria exposta demonstra que o foco de muitos evangélicos passou a ser suas próprias interpretações do Evangelho e, acima de tudo, estão os interesses das instituições e de seus líderes. Isso faz com que cada instituição tenha suas próprias interpretações e formas de salvação, transformando a igreja de um local de adoração a Deus em um local empresarial e uma comunidade onde cada um busca os seus próprios interesses.

Ou seja, algumas igrejas estão mais preocupadas em existir como instituições criadas para agradar e adorar seus líderes e cumprir suas metas e objetivos do que amar e adorar a Deus.

Exagero? Uma interpretação equívoca da minha parte?

Infelizmente é a mais pura verdade.

Levei meses preparando este artigo, com muita paciência esperei bastante para ver mudanças, mas infelizmente não é o que tenho visto.

A frase que me vem à mente ao ver a realidade da igreja evangélica brasileira é uma: se realmente somos uma nação cristã, precisamos nos atentar para a palavra iniquidade.

Isso mesmo, iniquidade.

Essa é a palavra que realmente define a realidade de nossas igrejas.

Por que cheguei a essa conclusão?

Simples: a igreja trocou a espiritualidade pelo empreendedorismo e profissionalismo. A Bancada Evangélica no Congresso atesta essa conclusão.

As igrejas querem crescer, lucrar e expandir seus domínios pelo mundo. O que antes era Reino de Deus hoje se tornou reinos individuais. Basta ver as expansões de Macedo, Valdemiro, Malafaia, etc. Hoje, cada um defende o “seu” reino. São marcas de um produto comercial no mercado expansivo da fé.

Cada um não mede esforços para ampliar e expandir a sua marca. Para isso não há limites. É preciso alianças políticas, empresariais, comerciais, tudo em busca da satisfação das instituições e suas lideranças.

Hoje o sinal de força e poder de uma igreja não está mais na sua pregação eloquente ou na constante oração ou na intrepidez na evangelização, mas sim na sua capacidade de eleger políticos, construir suas suntuosas e imponentes catedrais, expor o poderio econômico de seus líderes com jatinhos, carros e roupas importadas, sem contar a sua exposição na mídia ao lado de ricos, poderosos e famosos.

É preciso dizer que, para sustentar essa estrutura toda, muitos simples e humildes são usados.

O versículo que encabeça esse artigo descreve a visão de Paulo (o verdadeiro Apóstolo) de que a verdadeira força da igreja e de seus membros está no reconhecimento de nossas incapacidades, incapacidades essas que são fortemente providas por Deus. Quando o texto diz que o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis, isso nos mostra que Deus é a verdadeira fonte da Igreja.

Ao transformar a Igreja em uma empresa, essas igrejas e seus líderes estão declarando não serem dependentes de Deus. E aqui está o centro da crítica deste artigo: ao deixar de ser dependentes de Deus para dependerem de políticos, partidos, ofertas de empresários, etc, a igreja se alia aos poderes deste mundo e se torna praticante da iniquidade.

Iniquidade, derivada de iníquo, ou seja, aquele que se opõe à equidade, que está associado ao ato de ser mau, injusto e perverso.

Eu pergunto: existe algo que define melhor a palavra iniquidade do que a situação política do Brasil?

A palavra iniquidade aparece 177 vezes no Antigo Testamento e 14 vezes no Novo Testamento. E em muitas traduções essa palavra é atribuída àqueles que têm habilidades de dobrar, torcer, distorcer, perverter as coisas e situações. Ou, em outras traduções, é atribuída àqueles que se desviam da Lei, desrespeitam a Lei, e isso é praticado por aqueles que desprezam e violam a Lei por pura maldade.

Ou seja, a iniquidade está no meio de nós.

Em Mateus 7:23, Jesus repreende aqueles que praticam a iniquidade com a frase: “… nunca vos conheci, apartai-vos de Mim…”

Ou seja, estamos falando de algo sério.

Em Mateus 23:38: “…assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade…”

Essas palavras são de Jesus.

Muitos pastores sabem a Verdade, porém são reféns do profissionalismo que adotaram as instituições.

Nas minhas andanças tenho constatado que o envelhecimento dos pastores e esse é um quadro de todas as denominações. Esses pastores, hoje com 20, 30, 40 anos de trabalho dizem se sentir enfraquecidos para enfrentar a situação. Certa vez ouvi de um pastor: “eu já tenho 67 anos. Onde eu vou ganhar um salário como esse?”. Esse pastor estava enfrentando divisões, brigas por cargos, prostituição, adultério em sua igreja, sem contar que sua instituição está envolta em escândalos financeiros envolvendo políticos. Ou seja, esse homem é um refém e sua visão do Reino de Deus está empobrecida, pois ele não mais depende de Deus, mas na sua empobrecida visão ele depende da sua denominação.

Essa é a realidade de muitas denominações. Vivemos um quadro triste, pois, para muitos, não existe o Evangelho de Jesus, e sim o Evangelho segundo fulano e sicrano. E se eu quero permanecer não posso, em momento algum, contrariar.

Em muitas denominações, contrariar o líder é entendido como ofensa maior do que criar uma heresia ou um falso ensinamento. E aos que contrariam, só há um caminho: o isolamento até a extinção.

Esse outro Evangelho não cumpre sua missão de ser luz para o mundo, pois ele não consegue se apartar do mundo e dos seus valores.

Diante de tantos conflitos e vazios no mundo, a igreja é mera coadjuvante no cenário político, social e econômico. A verdade não é o foco, e muitos pastores sabem disso, porém se omitem e se tornam parte do espírito de mentira e hipocrisia que rege muitas denominações.

Jesus já havia nos avisado sobre isso. Em Mateus 24:12: “…e, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos…”.

A iniquidade será, nos últimos dias, a maior causa de abandono da fé.

Minha conclusão, em tudo isso, é que a igreja está produzindo crentes que também não querem a verdade dos Evangelhos. Muitos querem viver e usufruir dos benefícios do Evangelho, mas segundo suas próprias interpretações. Hoje, o número de teólogos é gigantesco, porém teólogos com suas próprias interpretações das Sagradas Escrituras, de tal forma que hoje textos sobre a negação de si mesmo, sobre o servir ao próximo, sobre o perdão, sobre a misericórdia para os que sofrem e o arrependimento não têm lugar em muitos sermões e em muitas reuniões ministeriais.

Se você perguntar para Macedo, Valdemiro, Malafaia a respeito do que falamos nesse artigo, eles jurarão de pé junto que em suas igrejas há liberdade e que eles são dependentes de Deus. Porém, o dia a dia é totalmente diferente, pois ali eles ditam as regras, instituem formas de agir, de pensar, definem casamentos, número de filhos etc. E a regra é simples: quem não seguir está fora. E isso não só acontece no universo neopentecostal, mas também em igrejas históricas, onde os pastores são avaliados por desempenho, por números de arrecadação e agremiação de novos fiéis. Ou seja, é um mal crescente.

“Pois virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas desejosos de ouvir coisas agradáveis, cercar-se-ão de mestres segundo os seus desejos, e desviarão os ouvidos da verdade e se aplicarão às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta os sofrimentos, faze a obra de um evangelista, desempenha bem o teu ministério.” – 2 Tm 4:3-5

Essas são as palavras de Paulo ao jovem Timóteo, que iniciava sua vida ministerial.

Que Deus tenha misericórdia de Sua Igreja. Que o Evangelho puro e simples de Jesus seja refletido, e que a igreja volte a ser uma fonte de transformação e de justiça para o mundo.

Quem tem ouvidos, ouça.

Paulo Siqueira

 

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O Carnaval gospel 2019 – Agenor Duque e Benny Hinn e o Bloco do Malafaia

Findo o Carnaval 2019, o balanço geral é o mesmo: folia e muita diversão, além dos excessos esperados pela mistura de álcool, despudor e máscaras. E uma novidade: o mundinho gospel resolveu se juntar ao mundinho carnavalesco como justificativa para evangelizá-lo. Assim, supõe-se que o velho ditado “se não pode vencê-los, junte-se a eles” pode trazer mais almas para Cristo e mais sócios dizimistas para as instituições religiosas.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro houve blocos e até escolas de samba gospel. O (im)Pastor Silas Malafaia não poderia ficar de fora dessa e também lançou um bloco evangelístico pela sua igreja. E claro, não deixou de xingar os hipócritas-fariseus-babacas-idiotas-imbecis que porventura venham a lhe tecer críticas.

Já no Ginásio da Portuguesa (antes era no Estádio, mas a arrecadação e a quantidade de participantes deve ter caído bastante), na terça-feira de Carnaval, houve o 11o. Congresso Fogo de Avivamento para o Brasil, do Apóstolo (?) Agenor Duque e com a ilustre e constante presença do (im)Pastor Benny Hinn. Desta vez, excetuando o também (im)Pastor Marco Feliciano, todos os palestrantes convidados eram mais simples, pastores da própria igreja do Duque ou de pequenas congregações. Mas os cantores eram os famosos, o que nos faz crer que resolveram investir a pouca verba que tinham no entretenimento musical para atrair mais fiéis (já que, tanto pregadores quanto cantores não vão nesses eventos de graça, pela pura e simples vontade de compartilhar a Palavra de Deus).

Mas o que os blocos carnavalescos gospel e o congresso do Duque têm em comum?

Têm em comum que seus líderes ou donos consciente ou inconscientemente acreditam que não há como alcançar multidões usando apenas do Evangelho de Jesus. Assim, creem ser necessário dar “uma ajudinha” ao Espírito Santo, através de alguma coisa que atraia as pessoas, já que o Evangelho, por si só, não teria esse poder. As pessoas querem folia? Vamos atraí-las com a folia! As pessoas querem sinais milagrosos? Vamos forjar esses sinais com o uso de técnicas de hipnose! As pessoas querem dinheiro? Vamos ensiná-los a barganhar com Deus em troca de dízimos e ofertas!

Mas, se formos pensar bem, esses (im)pastores não estão de todo errados. Realmente é muito difícil atrair multidões. Mas, será que é necessário atrair multidões?

Se formos pensar apenas em termos de evangelização, seria maravilhoso se todo o mundo se convertesse e adorasse a Deus. Porém, Cristo nos alertou:

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” –  Mateus 7:13,14

Ora, se há poucos que encontram a “porta estreita”, não estamos aqui falando em multidões!

Se a busca fosse estritamente espiritual, não haveria ministérios buscando e dependendo de multidões de membros. Mas o que inicialmente pode até ter começado como uma boa intenção, à medida em que a igreja vai crescendo, a arrecadação aumentando, os investimentos no templo surgindo, o líder ficando próspero e famoso, torna-se um caminho sem volta. E para sustentar essa estrutura cada vez maior e mais onerosa, mais e mais ofertantes e dizimistas são necessários. E aí qualquer metodologia humana torna-se fundamental para atrair essas multidões de “patrocinadores da obra”.

O primeiro milagre de Jesus foi numa festa de casamento, onde havia vinho, música e danças. Não há problemas no cristão em se divertir de forma consciente, sadia, prudente. O problema é ter que colocar o Santo Nome de Deus como justificativa para a diversão.

Quer pular carnaval? Pule, mas assuma seus atos e não use Deus como justificativa!

Estivemos na entrada do congresso do Duque, como em todos os anos, e estendemos uma faixa bíblica e distribuímos folhetos para quem se aproximava. Lá de fora, pudemos ouvir “Fulano, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!”, seguido de gritinhos de fãs (provavelmente para algum cantor famoso gospel). Assistimos a uma moça bastante humilde, que conseguiu entrar no local mesmo sem ter o quilo de alimento como entrada (e isso foi bastante louvável!).

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Mas vimos também uma cena que muito nos entristeceu.

Na entrada do ginásio, havia uma grande quantidade de vendedores ambulantes. Havia todo o tipo de alimento, bebidas e lembrancinhas gospel. Uma moça preparou sua bancada para vender seus produtos, quando um (im)pastor se aproximou.

– Você não pode vender aqui, você está com o dízimo atrasado. Como quer ser próspera se não é fiel no dízimo?

E a moça desabafou, após a saída do (im)pastor da igreja do Duque:

– Não dizimei porque estou com parente doente. Como poderei dizimar, se nem posso vender meus produtos?

E lembrando: para ficar na Área Vip, local tipo uma Pista, perto do palco onde Benny Hinn se apresentaria mais tarde, o fiel tinha que desembolsar R$ 1.000,00. E ganhava inteiramente “grátis” um talit benzido pelo (im)pastor americano.

Essas são as igrejas que querem evangelizar no carnaval.

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João de Deus e os falsos profetas: o diabo travestido de anjo de luz

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“Mas o que eu faço o farei, para cortar ocasião aos que buscam ocasião, a fim de que, naquilo em que se gloriam, sejam achados assim como nós.
Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo.
E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.” – 2 Coríntios 11:12-14

A revelação, através do testemunho de centenas de mulheres, de que o famoso médium espírita João de Deus cometeu abusos e estupros por décadas deixou muita gente indignada. Afinal, o tal médium era um exemplo de bondade. A instituição que comandava fazia um belo trabalho assistencial e havia milhares de relatos de curas obtidas através de suas cirurgias espirituais, a tal ponto que o médium era reverenciado por artistas e políticos e conhecido internacionalmente.

É óbvio que a suposta psicopatia que acomete esse ser não significa que todos os espíritas são assim. Da mesma forma, há padres pedófilos e outros muito dignos de sua batina. E há pastores estupradores e pilantras e outros que são verdadeiros homens de Deus.

Porém, um ponto é intrigante: como foi possível a João de Deus enganar a todos por tanto tempo (4 décadas pelo menos)? Como um ser tão abjeto podia apresentar frutos tão bons, como os da caridade e da cura de doenças?

Na Doutrina Espírita é muito clara a observação do caráter do médium. Este deve se manter ética e moralmente incorrupto para poder atrair aos espíritos de luz. Caso se desvie em algum momento para o mal (pode ser por pensamentos, por uma bebedeira ou mesmo por grandes corrupções), os espíritos de luz se afastam e no seu lugar se colocam os espíritos obsessores, por portarem energia semelhante à apresentada pelo médium no momento em que está em erro. Em outras palavras, é o mesmo ensino dos ministérios evangélicos de cura interior e libertação, a tal lei da “brecha”, na qual o crente em pecado não confessado (pecado próprio e dos antepassados também) atrai os demônios, que se acham no direito legal de ditar a vida da pessoa.

Porém, Allan Kardec e cia. ensinam que é razoavelmente fácil desmascarar um falso espírita. Basta ver seus frutos, ou seja, verificar os ensinos que os espíritos ditam através do médium. Um espírito obsessor não ensinará o bem. Pode até enganar com bonitas palavras, mas nas entrelinhas deixará sua marca. Precaução semelhante a que os cristãos precisam ter para evitar falsos ensinos.

Para conhecer os frutos aparentes de João de Deus, recomendo muitíssimo reportagem da revista IstoÉ de 2012 (clique aqui). Lendo-a, temos a visão de um verdadeiro homem guiado por Deus e que manifesta seus milagres. Porém, dessa reportagem retiro o seguinte e intrigante trecho:

“Depois, passou algum tempo com o médium Chico Xavier, a quem chama de “papa do espiritismo”. “Íamos em caravanas para o interior de Minas e Goiás”, diz. Foi, segundo ele, Chico Xavier quem lhe pediu para que não deixasse Abadiânia, apesar das perseguições que sofria na cidade, acusado de exercício ilegal da medicina. Em bilhete datado de 18 de setembro de 1993, Chico diz: ‘Prezado João, caro amigo, Abadiânia é abençoado recinto de sua iluminada missão e de sua paz.'”

Porém, segundo o site G1:

“Dezenas de mulheres contaram ao jornal “O Globo”, à TV Globo e ao G1 que sofreram abusos sexuais do médium João Teixeira, conhecido como João de Deus. A violência ocorria, segundo elas, durante atendimentos individuais em Abadiânia (GO). Há casos desde a década de 1980 até outubro deste ano.

Ou seja, se o maior dos médiuns brasileiros Chico Xavier avalizava o trabalho de João de Deus, das duas uma: ou Chico Xavier sabia de tudo e era cúmplice, ou não sabia de nada e foi também enganado. Só que, se dermos crédito a essa segunda opção, entenderemos que os espíritos de luz que acompanhavam Chico Xavier em sua missão o enganaram propositalmente, ao não revelar o demônio que era João de Deus, e que portanto não eram tão de luz assim. E se dermos crédito à primeira, entenderemos que Chico Xavier era uma fraude completa, assessorado por espíritos do mal e totalmente consciente disso.

Gravíssimo isso, pois João de Deus praticou por décadas crimes terríveis contra centenas (talvez milhares?) de mulheres. Obviamente, não era guiado por bons espíritos. Porém, se os espíritas sérios o tivessem desmascarado, muitas mulheres teriam sido poupadas da violência, humilhação e sofrimento. Por que os espíritos de luz não fizeram nada, numa omissão que seria posteriormente prejudicial à própria Doutrina Espírita?

E tem mais: logo que começaram as denúncias, João de Deus retirou cerca de 35 milhões (isso mesmo, milhões) de suas contas pessoais e no momento encontra-se oficialmente foragido. Como ele juntou tanto dinheiro fazendo “caridade”, fica a critério do leitor.

Sentimos muito pelas vítimas de João de Deus, e sentimos muito por todas as vítimas da manipulação da fé.

Infelizmente, esse não será o primeiro caso e nem o último. Há enganadores em todos os cantos, inclusive dentro das igrejas cristãs. Há quem se utilize da fé e da admiração pessoal para influenciar em benefício próprio. Há quem use o Santo Nome de Deus para conseguir sexo, dinheiro, poder, sucesso. Há quem propagandeie aos quatro ventos meia dúzia de obras sociais nas quais ajuda, para assim justificar sua ânsia por ofertas e sua vida nababesca. Há quem provoque milagres pelo uso da hipnose. E há quem se deixe enganar com tudo isso.

Há muitos “joões-de-deus” em nosso meio, cujas vítimas não são ouvidas por não lhes darem voz nem vez. E essas vítimas se fecham em seu particular sofrimento, sem forças, mas cheias da misericórdia Daquele que veio para os oprimidos.

Que Deus nos abra os olhos para os enganos deste mundo.

De Deus não se zomba. Ele traz luz onde há trevas.

Arrependamo-nos enquanto é tempo.

Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!

A Deus toda a honra e toda a glória para sempre.

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O artigo mais óbvio deste blog: uma igreja que é Igreja

coracaoUma igreja que é Igreja. Essa aparente redundância esconde, na verdade, uma triste constatação: as igrejas, em sua maioria, não possuem os atributos que a Igreja de Cristo deve possuir. Então, quando se encontra uma fora desta triste curva, vale vencer a obviedade do tema e lhe dedicar um artigo.

O vídeo a seguir é uma reportagem da TV local sobre a ação social promovida, dias atrás, pela Igreja Batista Restauração no bairro pobre de Airton Senna, na capital do Acre. Na verdade, há meses a comunidade cristã adotou os moradores desse bairro, levando o Evangelho teórico e o prático também. Não é uma ajuda de um dia, uma esmola de tempo para acalmar a consciência. É um trabalho de dia após dia. É um discipulado.

Gostaria que fosse desnecessário fazer este artigo, mas infelizmente muitas instituições se fazem de igreja, quando na realidade são clubes de interesses, onde nos associamos buscando algo de valor em troca, e onde somos aceitos caso tenhamos também algo a oferecer. As verdadeiras igrejas são as que amam incondicionalmente, espelhando e apresentando ao mundo o Cabeça, que é Cristo.

E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;
E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.
Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.
E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna. – Mateus 25:31-46

Sabemos que nenhuma igreja é perfeita, e nem se espera que seja. Espera-se, apenas, que seja Igreja.

Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!

A DEUS toda a honra e toda a glória para sempre.

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O culto ao Eu: o que foi a Expo Cristã 2018

IMG_20180927_073139377Domingo, dia 30/09, um pequeno grupo com camisetas com frases bíblicas passeou pelos corredores da Expo Cristã (ou Expo Mamom para os mais íntimos). A total ausência de filas na bilheteria já preconizava o que estava por vir.

Embora contasse neste ano com espaços onde se simulavam passagens bíblicas através de telões, além do Bem Festival, com shows de artistas gospel conhecidos, aparentemente havia menos participantes do que nas outras edições, tanto em matéria de estandes como de público. Essa visível queda de público se explica pois muitos estão tendo seus olhos abertos e, cientes, não pensam valer a pena gastar R$ 25,00 apenas para entrar num espaço que se diz cristão, mas onde prevalece o culto a Mamom.

Mas Mamom, em 2018, teve que dividir seu senhorio gospel com outro deus: o Eu. Se, na última edição, o destaque foi a quantidade de estandes vendendo máquinas para arrecadar dízimos e ofertas, nesta edição o destaque ficou totalmente para o ego inflamado dos expositores. Fotos em tamanho gigante dos pastores, bispos, apóstolos (?) e suas esposas. Fotos dos cantores. Fotos dos pregadores. Até um estande gigante chamado de Autógrafos Gospel – Best Sellers havia no local, dividido em vários puxadinhos, cada qual com a foto gigante do Eu que deveria ser adorado, digo, idolatrado, digo, homenageado no lugar.

IMG_20180930_134419753Institucionalizou-se o Culto ao Eu na Expo Cristã (que de cristã nem o nome deveria ter, pois com raríssimas exceções – como os minúsculos estandes de entidades sociais – nada trazia de Jesus, o Cristo).

E claro, o púlpito mor do Culto ao Eu estava no tal Bem Festival.

IMG_20180930_111536352E aí lembro-me da minha primeira impressão quando cheguei ao local, por volta de 11 horas da manhã. Fui ler a programação do Bem Festival, grudada num poste na entrada. Um grupinho chegou e começou a ler também, aos gritos de “ahhhhhh!!!! Hoje tem Ton Carfi!!!!” E por um bom tempo presenciei pessoas chegando, lendo e dando seus gritinhos de êxtase. Afinal, o Evangelho virou um show. E já que é show, “bora” se divertir. E satisfazer o deus Eu.

Como não podia deixar de ser, a política estava também representada na Expo Cristã. Menos no dia 30 (através de cabos eleitorais distribuindo santinhos ou balançando bandeiras na entrada) e muito mais no dia 27, quando houve o Café “político” dos Pastores. Nesse dia também estivemos, só que com uma proposta diferente: estendemos uma faixa em frente ao evento, já que só pastores cadastrados podiam entrar.

E uma das nossas primeiras impressões foi a acepção de pessoas. Uma fila gigantesca e que não andava, para o credenciamento dos pastores “pobres”. E uma Sala Vip para os pastores “ricos” e políticos convidados.

Sobre a tal Sala Vip, fica o depoimento de um dos funcionários que ajudou a montá-la: “Já fiz Sala Vip para a Fórmula 1, para o Presidente Lula, para a Presidente Dilma, para muitos eventos importantes, mas essa Sala Vip foi a mais cara e mais ostentatória de todas”. Nossa fonte deu o depoimento indignado, pois se dizia filho de evangélicos e não entendia como pastores podiam agir assim. E um adendo: nem os seguranças da Sala Vip podiam subir para o andar vip, isso ouvimos de um dos seguranças. Então fique em sua imaginação como deve ter sido o Templo do Eu, onde o Eu de Agenor Duque, Silas Malafaia, Flamarion Rolando, Jabes de Alencar, Renê Terra Nova, Estevam Hernandes, Marco Feliciano e muitos outros líderes religiosos se esbaldaram. E onde receberam o Eu de políticos como Geraldo Alckmin, João Dória, Major Olímpio, Bruno Covas e outros tantos mais.

Sobre a presença de políticos no Café de Pastores, eles estavam no seu papel. Afinal, político tem que ir onde for chamado para angariar votos. O problema não foram os políticos, foram os (im)pastores que convidaram os políticos!

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Houve um tempo em que Café de Pastores era uma reunião para comunhão, para troca de experiências, para auxílio mútuo, para jejum e oração. Hoje, Café de Pastores é espaço para negociação de apoios políticos a quem mais beneficiar as igrejas envolvidas. Não sei o seu deus, mas o Meu Deus vomitaria tudo isso.

Falando em negociação, naquele mesmo panfleto com o horário do Culto ao Eu no Bem Festival estava anunciado também o Business Class, que deixo que a imaginação de cada um defina o que deveria ser (e o que de cristão tem isso, é claro).

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Termino esse triste relato com algo que aconteceu na quinta-feira. Encontramo-nos com uma senhora que, ao ler a camiseta, se pôs em atitude de desabafo. Seu esposo só pensava em dinheiro. Era o dia inteiro na internet vendo a Bolsa de Valores, investimentos, isso e aquilo. Mal tinha tempo para a família. Dissemos que orássemos por ele, pois Deus pode transformá-lo. E nos despedimos.

Um tempo depois, nos encontramos com um senhor, que também leu a camiseta. Ficou eufórico, pois era isso mesmo, o Evangelho estava sendo mal interpretado em muitas igrejas e devemos nos voltar para Deus e nos afastar deste mundo.

E então chegou a senhora. Era a esposa daquele senhor. Oferecemos um folheto para a senhora, mas o senhor nos interrompeu, pois não precisava. E se foram.

Essa situação nada mais é do que a verdade de muitos de nós. Somos como a semente da parábola, semeada entre espinhos:

“E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na.” – Mateus 13:7

“E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera;
Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.” – Mateus 13:22,23

Eventos como a Expo Cristã nos mostram o quanto a Palavra tem sido sufocada pelos espinhos dos cuidados deste mundo e da sedução as riquezas. Fazer uma Sala Vip mais cara e vistosa do que a de um evento mundial como é a Fórmula 1, apenas para demonstrar poder, chega a ser abominação. A Fórmula 1 é um entretenimento mundano, não podendo em nada se comparar a um evento que ostenta o nome de Cristo. Quantos poderiam ter suas necessidades supridas, seu sofrimento aplacado, mas não foram pois alguns queriam satisfazer seu Eu por algumas horas?

E paramos por aqui, pois se formos investigar de onde veio o dinheiro para tantas ostentações… Só de dízimos e ofertas e aluguel de estandes é difícil, viu…

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De Deus não se zomba. Por muito menos, Jesus expulsou os mercadores do Templo.

Nem Mamom, nem o Eu. Cultuemos ao único Deus Supremo, o Criador de todas as coisas.

Arrependamo-nos enquanto é tempo.

Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!

A Deus toda a honra e toda a glória para sempre.

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Assembleia de Deus Ministério Madureira indica voto para a filha do presidiário Eduardo Cunha: filha de peixe?

danicunhaO Brasil é um país intrigante. Uma de suas peculiaridades é que absorvemos uma única grande notícia por vez, notícia essa que dura alguns dias até que outra grande notícia se sobreponha, fazendo-nos esquecer das anteriores. E enquanto isso, outras notícias também muito importantes passam despercebidas, como por exemplo a aprovação de leis que desfavorecem a população. Quando essas outras notícias são finalmente percebidas pela população, aí já é tarde demais.

A grande notícia do momento é o trágico atentado ao presidenciável Bolsonaro. Uma pessoa talvez desequilibrada (pois em equilíbrio normal ninguém seria capaz de fazer isso), ex-filiado ao PSOL e dizendo-se missionário de uma igreja evangélica, diz ter recebido de “deus” a ordem para atacar Bolsonaro. E a população dividiu-se, uns dizendo que é culpa dos partidos de esquerda, outros que é culpa dos evangélicos, outros criticando o apoio à tortura e mortes por parte do tal candidato (pois violência geraria violência), outros defendendo-o como “mito” que o consideram ser (pois seu empenho contra os bandidos geraria a violência recebida). Nas redes sociais, a “treta” está formada, amizades são desfeitas, fake news sobre o assunto correm à vontade, insultos a quem pensa diferente também. Um verdadeiro inferno.

Lamentamos o ocorrido, assim como lamentamos o recente assassinato de outra figura política, a vereadora Marielle. Vivemos tempos de ódio, em especial ódio pela classe política, envolvida em tantos escândalos de corrupção. Se antes se brincava que alguém deveria jogar uma bomba em Brasília, esses atentados recentes mostram que os políticos precisam, mais do que nunca, se precaver, pois infelizmente tudo é possível.

amala4Mas enfim, a grande notícia da vez encobriu uma série de outras notícias consideradas não tão grandes assim, mas também muito importantes. Uma delas, o apoio do Bispo Manoel Ferreira (Assembleia de Deus Ministério Madureira) à candidatura de Danielle Dytz Cunha, ou apenas Danielle Cunha, a deputada federal pelo Estado do Rio de Janeiro.

Para começar: Danielle Cunha é filha do presidiário Eduardo Cunha, aquele ex-deputado federal que chegou à Presidência da Câmara ovacionado pelas lideranças evangélicas. Aquele que tinha um olhar empreendedor, tanto que registrou anos atrás tudo quanto era domínio na internet relacionado ao nome de Jesus. Aquele que posava de santo na Assembleia de Deus Ministério Madureira, onde era dizimista e possivelmente excelente ofertante. Aquele que tentou chantagear a então Presidente Dilma para que não fosse denunciado, mas como não conseguiu, caiu e levou a então Presidente junto. Aquele que foi talvez o maior denunciado nas delações da Lava-Jato, que pelas denúncias comprava o voto de grande parte dos deputados e que vendia a aprovação de emendas em troca de bom pagamento. Aquele que tinha contas no exterior em seu nome, no de sua esposa Cláudia Cruz e – pasme!!! – no de sua filha Danielle Dytz, a mesma que hoje está se candidatando a Deputada Federal com a indicação de voto, para seus fiéis, do “dono” da Assembleia de Deus Ministério Madureira!!!

Alguns artigos para relembrar o caso:

Algumas palavras sobre Eduardo Cunha
A política e a corrupção dos que se dizem evangélicos: o diabo tem muitos filhos por aí
Os evangélicos e a corrupção: delações de Funaro, novo Refis e o direito de comer o melhor desta terra
Mulher e filha de Cunha dizem que peemedebista abastecia conta na Suíça  (essa reportagem será a fonte de algumas informações mais adiante)

O vídeo do Bispo Manoel Ferreira indicando para seus fiéis em quem devem votar (lembrando que o próprio Bispo também é político, sendo o primeiro suplente ao Senado na chapa de Cristóvam Buarque no Distrito Federal):

Analisemos em primeiro lugar a candidata.

Danielle Dytz Cunha, ou Danielle Cunha, teve seu nome citado na Lava-Jato junto com o de sua mãe por possuírem contas não declaradas no exterior. Na época, sua defesa convenceu o Judiciário de que ambas eram inocentes, possivelmente duas dondocas alienadas que viviam no absoluto luxo e abundância acreditando que tudo se devia ao salário parlamentar de Eduardo Cunha. E tão bobinhas, coitadas, que assinavam documentos de abertura de contas e outros sem ler, sem saber do que se tratavam, afinal obedeciam ao exímio esposo e pai. O Judiciário, convencido da ingenuidade das duas senhoras (sim, Danielle até casada já era), as absolveu e prendeu apenas ao Eduardo Cunha. Coincidentemente ele, que ameaçava contar todos os podres possíveis dos quais sabia (até estava sondando editoras onde publicaria seu livro de memórias), há anos curte silenciosa e discretamente sua temporada na prisão.

CULTO EM AÇÃO DE GRAÇA ANIVERS. PR. SAMUEL 19-05-1067

Ainda sobre a candidata da Assembleia de Deus Ministério Madureira (segundo o Estadão):

“Em seu depoimento, Danielle disse que ainda era financeiramente dependente do pai, apesar de ter uma empresa em seu nome e ter um rendimento mensal que variava entre R$ 5 mil e R$ 10 mil.

Ela também afirmou que o pai ‘sempre gerenciou a sua vida financeira, mesmo quando foi casada, não vendo nenhum problema nesse fato’.

Assim como Cláudia, ela disse nunca ter questionado Cunha sobre a origem do dinheiro e que ‘presumia que o dinheiro que mantinha o alto padrão de vida da família era proveniente do patrimônio da atividade anteriormente desenvolvida’ pelo peemedebista.”

Senhora bastante inocente essa Danielle Cunha, não é mesmo?

E é essa mesma senhora inocente e visivelmente alienada das coisas do mundo que o Bispo Manoel Ferreira “indica” a seus fiéis como pessoa que fará um grande mandato!

Ora, segundo palavras da própria Danielle ao Judiciário, ela mesma nunca sequer administrou sua vida! Quem fazia tudo era seu pai (fazia ou ainda faz?)…

Que capacidade tem uma pessoa que nem sabe tomar conta de sua conta bancária de ocupar uma vaga na Câmara dos Deputados?

Quem verdadeiramente ocupará essa vaga? Danielle ou, virtualmente, o seu pai presidiário Eduardo Cunha?

Essas são perguntas das que o Bispo Político Manoel Ferreira sabe muito bem a resposta, e justamente por conta disso está “indicando” o voto ao seu gado, digo, rebanho.

Agora, analisando a posição da igreja nesse caso.

Sendo filha de peixe ou não, Danielle Cunha tem todo o direito de se candidatar ao que quiser, e as pessoas têm todo o direito de votar nela ou não. Isso é fato.

Porém, quando o líder de uma denominação religiosa deliberadamente indica a seus fiéis um(a) candidato(a), espera-se, no mínimo, que tal figura espelhe os valores ensinados na instituição. Por se autodenominar uma igreja evangélica, supõe-se que a Assembleia de Deus Ministério Madureira ensine a seus fiéis os preceitos cristãos de ética, honestidade, amor, equidade, mansidão, justiça, prudência, sabedoria. Assim, o melhor seria, por motivos éticos, nem se indicar alguém. Mas vá lá, já que vai indicar, que seja alguém realmente comprometido com os valores cristãos.

Danielle Dytz Cunha está alinhada aos princípios básicos cristãos?

Lembremo-nos de que a Assembleia de Deus Ministério Madureira também foi citada na Lava-Jato. Copiando parágrafo do terceiro artigo indicado acima:

“E lembrando, essa igreja [Assembleia de Deus do Bom Retiro], que antes era do Jabes de Alencar, agora é do Samuel Ferreira, também dono da ADBras, que é a mesma que tem (ou tinha) Eduardo Cunha como fiel dizimista e ofertante. E a ADBras é a mesma que, tempos atrás, foi acusada de lavar parte do dinheiro de Eduardo Cunha, no caso uns 250 mil reais (fonte: UOL Notícias). E vale lembrar que seu papa, o agora Bispo Samuel Ferreira [filho do Bispo Manoel Ferreira], foi acusado na delação da JBS de receber 1 milhão de dólares de propina em 10 parcelas de 100 mil dólares, numa conta nos Estados Unidos (por que será? – Fonte: G1 Notícias).”

Resumindo: o buraco é mais embaixo e o poço de sordidez não tem fundo nesse caso.

Muitos estão preocupados com a eleição para Presidente, alguns se matando pelas redes sociais, outros até na vida real. Mas a votação mais importante será para o Senado e para a Câmara dos Deputados, pois nessas casas as leis que definem e limitam nossas vidas são votadas. Bons deputados e senadores farão leis justas, que serão executadas pelo Presidente e serão a base para as decisões do Judiciário. Deputados e senadores corruptos farão leis que beneficiarão apenas eles mesmos e as empresas que estiverem dispostas a lhes pagar para obter vantagens, prejudicando ainda mais nossa população tão sofrida. E, entre as empresas, inclui-se as do ramo religioso.

Ou por que você acha que alguns líderes religiosos se empenham tanto em apoiar esse ou aquele candidato? Porque “deus” lhes mandou?

Vivemos tempos sombrios, onde o mundo busca nos enganar a todo momento. O mundo busca cegar nossos olhos para a verdade, focando-os naquilo que quer que vejamos. Está nos focando na disputa presidencial, para que os corruptos de sempre voltem para a Câmara e o Senado (ou eles, ou seus “filhos” políticos).

Os tempos são maus.  O ódio impera. Mas a Igreja prevalece, mesmo minúscula, sendo uma pitada de sal e um raio de luz nesse caldeirão infernal.

A boa notícia: Jesus está às portas! Que Ele nos encontre dando sabor à vida e iluminando o ambiente.

Não aceite ser gado. Você é rebanho do Senhor!

Oremos pelo Brasil.

Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!

A DEUS toda a honra e toda a glória para sempre.

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