“Venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.” – Mateus 6:10
Mais um ano se inicia, muitas são as expectativas e muitos os planos. Para alguns, serão planos novos. Para outros, a conclusão de planos antigos ou em andamento.
Em meio a tudo isso, temos nossa vida cotidiana acontecendo, não importa o que aconteça, pois o outro dia sempre irá nascer.
Nosso último ano não foi um ano fácil, quando falamos no sentido de fé, liberdade e justiça. Em muitos casos, só tivemos a fé como expectativa. Quando digo isso, estou falando em análise à nossa realidade brasileira.
O que dizer aos pais e mães que perderam seus filhos, vítimas de uma violência a cada dia mais crescente? O que diremos aos milhões de desempregados, que continuamente procuram um emprego dia após dia sem sucesso? E aos milhares de desempregados que se tornaram desalentados, pois desistiram da esperança de encontrar?
Vivemos em um país onde, há muito tempo, a fé se tornou um produto que enriquece a muitos. Fé, que é produto no mercado político, onde muitos alcançam o poder em nome da fé.
O título dessa mensagem vem de uma frase da oração do Pai Nosso, no Evangelho de Mateus. Quando o Senhor ensinou Seus discípulos a orar, Ele usa da oração do Pai Nosso. Hoje, após milhares de anos analisando a história, podemos entender os porquês de cada estrofe.
No capítulo 8 de João, temos um longo debate entre Jesus e os religiosos da época. Fica evidente que os religiosos não tinham nenhuma perspectiva de que Jesus fosse o Messias tão esperado. Na conversa, Jesus cita que eles analisassem o fato de que Ele era o Messias pelo menos pelos sinais que operava em nome do Pai. Porém, é percebível que não havia interesse algum neles nesse propósito, pois para os religiosos o Messias seria um sujeito político-religioso. Nesse sentido, não havia em Jesus nenhum desses propósitos.
Jesus tinha por missão trazer o Reino de Deus à terra, e isso não tinha por propósito uma relação política, partidária ou religiosa.
Quando Jesus ensinou os discípulos a orar “venha a nós o Teu Reino”, isso implica que nós, os Seus discípulos ou Seus imitadores (eu gosto mais dessa expressão) deveríamos ter por missão a busca contínua por esse Reino, Reino esse onde prevalece a Sua vontade e não a nossa.
Nosso mundo atual não está focado nessa busca. Digo sempre que há muitos reinos em nome de Deus, porém o verdadeiro Reino de Deus é onde todos os que dele participam vivem a busca contínua de exercer a vontade do Rei. E isso não é uma escravidão. É difícil dizer isso, mas é a mais perfeita liberdade, pois só é possível servir a Deus na sua íntegra sendo livre e tendo consciência da Verdade.
Em João 8:36, Jesus diz aos religiosos: “se o Filhos vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. E Lhe perguntaram: “de que havemos nós de sermos livres?” Eles não entendiam essa liberdade da qual Jesus falava. Essa liberdade estava manifesta no ato de pertencerem ao Reino de Deus.
Jesus sabia o quão difícil e severo era o sistema imposto pelo regime religioso e pela lei. Jesus sabia que esses homens, além de serem cativos pelo Império Romano, também viviam uma verdadeira escravidão sobre o peso da lei. E isso os impedia de enxergarem as Verdades do Reino de Deus.
Por isso Ele afirmou em João 8:32: “conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. E é nesse sentido que Jesus nos ensinou a orar para que venha a nós o Reino de Deus.
O Reino de Deus, em hipótese alguma, se envolve com a mentira ou com os tesouros desta terra, pois o Reino de Deus é a suprema Verdade.
Para muitos, a Igreja é o Reino de Deus. E isso não é verdade. O Reino de Deus é e sempre será um reino onde Deus e Sua vontade são perpétuos.
E aí perguntamos: e a igreja?
A Igreja é a comunhão dos santos, a assembleia daqueles que comungam o sacrifício de Cristo na cruz, é a união de todos aqueles e aquelas que vivem os ensinamentos de Cristo na prática do dia-a-dia.
A Igreja, na sua essência, é um lugar santo porque o Espírito Santo de Deus habita, habitando aqueles que ali estão. Porém, é preciso entender que por ser uma instituição humana, ela está fadada aos desejos e falhas humanas. Por isso a Igreja não é o Reino de Deus. No Reino de Deus não há pecado.
Recentemente, tivemos no Brasil um filme publicado por um grupo de humoristas, cujo enredo focava num Cristo gay. Houve uma grande controversa e muitos “defensores” de Cristo apareceram. Para muitos foi um crime, para muitos uma blasfêmia e para os “defensores” algo que não pode deixar passar. A esses eu trago alguns esclarecimentos.
De acordo com as narrativas dos Evangelhos, o próprio Jesus profetizou que seria zombado (Mateus 20:19, Marcos 10:34 e Lucas 18:32). Para alguns estudiosos, isso ocorreu em três estágios: o primeiro imediatamente depois do Seu julgamento, o segundo logo depois de Sua condenação por Pôncio Pilatos e finalmente quando já estava na cruz.
Em Mateus 26:67, Jesus é cuspido e esbofeteado pelos sacerdotes. Ou seja, muitos desses que se doeram pelo dito filme não entenderam o que é o Reino de Deus.
Em João 18:36 temos a resposta de Jesus a Pilatos: “o Meu Reino não é deste mundo; se o Meu Reino fosse deste mundo, pelejariam os Meus servos para que Eu não fosse entregue aos judeus, mas agora o Meu Reino não é daqui”. Logo, vemos aqui que Jesus não precisa de defensores.
Lamentavelmente, os personagens de sempre tentam usar mais esse fato para se manterem sob os holofotes da mídia, no propósito de se projetarem nessa contínua busca pelo poder e satisfação dos seus desejos e vaidades.
Quem busca o Reino de Deus primeiramente tem consciência de que as coisas de Deus não se fundamentam neste mundo. Segundo, não estamos aqui em definitivo, esse mundo é passageiro, nossa verdadeira morada Cristo foi nos preparar. Terceiro: o Reino de Deus só vem a nós mediante Cristo, e isso só é possível se vivermos em liberdade (por Cristo) e na Verdade (em Cristo).
Nos próximos 365 dias deste ano muita coisa pode acontecer, mas algo é perpétuo: o Reino de Deus está intacto, pois Deus reina sobre ele.
Lembremos sempre que o Reino de Deus estará sempre manifesto em todos aqueles que tiverem as palavras de Cristo em seu coração, refletidas em atos de justiça, perdão e amor. Quando não vivemos os valores deste mundo, refletimos o Reino de Deus através de nós. E nisso se fundamenta a nossa fé cristã.
Que possamos viver com consciência das coisas de Deus, contidas na Sua Palavra, e na nossa vivência neste mundo, sabendo que não importa o que aconteça, Deus é sempre conosco. E quando surgirem os zombadores ou profanadores do nome de Cristo, não se preocupe com isso, ao contrário, se preocupe com sua vida e não deixe isso lhe afastar da presença do Espírito Santo.
Gostaria de deixar um versículo final:
“Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” – 1 Pedro 4:17
Voltemos ao Evangelho puro e simples,
O $how tem que parar!
A DEUS toda a honra e toda a glória para sempre.